Como avaliar uma marca?

Vale lembrar que se trata uma tarefa mais complexa que a avaliação tradicional de uma empresa

Uma coisa é aferir quanto valem máquinas, terrenos e estoques. São bens palpáveis, commodities que podem ter seu valores cotejados no mercado. Basta comparar preços e estimar a depreciação. Outra, bem diferente, é estimar o preço de algo único e intangível, que não se pode tocar. O poder de uma marca é reconhecido pelos reflexos de sua imagem. São as percepções de qualidade, status, conforto, beleza, entre outros.
Moeda corrente: nesta era de economia simbólica, em que as marcas tendem a ser tão ou mais relevantes que os ativos tangíveis, traduzir seu valor em cifras tomou-se fundamental no mundo dos negócios. Essa preocupação deixou de ser apenas acadêmica em meados da década passada. Foi quando uma onda de fusões e aquisições passou a agitar o mundo dos negócios nos Estados Unidos e na Europa. E as marcas se tomaram moeda corrente nessas negociações. Veja o caso da Philip Morris. Em 1985, ao incorporar aos seus domínios a indústria de alimentos Kraft, a Philip Morris desembolsou um montante dez vezes superior ao 1 bilhão de dólares que valia o patrimônio físico da companhia à época. Os 9 bilhões adicionais pagaram as marcas Kraft de queijos e sorvetes, entre outros produtos.

O método Interbrand

De lá para cá surgiram diferentes metodologias internacionais que se propõem a avaliar marcas. A proposta mais conhecida – e igualmente discutida – é a da consultoria britânica Interbrand. Seu método consiste em pontuar sete aspectos da marca. Desses, liderança e grau de internacionalização são fatores que pesam mais que outros.

Liderança

É a capacidade que uma marca tem de influenciar o seu mercado, estabelecer preços, comandar a distribuição e dificultar a entrada de novos concorrentes. No Brasil, marcas dominantes como o sabão em pó Omo e os sorvetes Kibon praticamente determinam as ações e reações da concorrência nos seus respectivos segmentos.

Grau de internacionalização

Quanto maior o grau de internacionalização que uma marca confere, maiores serão suas vantagens competitivas. Possibilita, por exemplo, abrir novas frentes de consumo quando o mercado de origem estiver estagnado. As vendas do Mcdonald’s se mantêm estáveis no mercado americano? No Brasil e em outros países emergentes elas não param de crescer. Corporações como Mcdonald’s, Disney e Sony foram alçadas à liderança mundial graças ao poder de marcas que não se importam com fronteiras. Pense, por exemplo, nos personagens Disney e os bilhões de dólares recolhidos pela companhia em contratos planetários de licenciamento e merchandising.

Longevidade

O terceiro fator em importância a ser considerado quando se avalia uma marca diz respeito à tradição. Quanto mais prolongada for a existência da marca em seu setor de atuação, maiores serão as chances de obter fidelidade e lembrança espontânea dos consumidores.

Mercado

Uma marca pode ser mais ou menos valiosa dependendo do setor em que opere. Alimentos e bebidas são tidos, por exemplo, como mais prornissores do que vestuário. É facíl entender por quê: as empresas desse setor estão mais vulneráveis às oscilações da moda. Lembra os tempos de ouro da grife Pierre Cardin? Ela chegou a ser a marca líder em licenciamento e merchandising. Hoje suas margens mal se aproximam de uma Gap ou de uma Armani.

Tendências

Relaciona-se à capacidade da marca em evoluir com o tempo sem perder sua identidade. Quer exemplos? Ford e General Motors, pioneiras do setor automobilístico, que souberam combater a escalada de concorrentes japoneses no mercado americano. Lançaram produtos inovadores, sem jamais abrir mão dos valores que fizeram de seus modelos referências para os consumidores americanos.

Suporte

Investimentos contínuos em comunicação, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos facilitam o posicionamento de uma marca no mercado. Hoje as relações entre marcas e consumidores não terminaram no balcão. As marcas mais valorizadas costumam ser aquelas que se empenham no pós-venda por meio de serviços de atendimento e de assistência técnica.

Proteção legal

Uma marca não existe até que esteja legalmente protegida. Em 1973, o Mcdonald’s perdeu o direito de uso na África do Sul. Um empresário de Pretória havia registrado o nome. Resultado: a companhia norte-americana teve de recomprar o próprio nome quando quis entrar naquele mercado em 1995.
Dadas as notas para cada quesito, o passo seguinte da avaliação consiste em apurar os resultados financeiros gerados pela marca. Trata-se de fazer um levantamento dos números relacionados às vendas atuais e futuras, margens de lucro, investimentos em publicidade e impostos, entre outros indicadores. Chega-se finalmente ao valor da marca combinando, por meio de um modelo matemático, os fatores mercadológicos e os financeiros.
Resultado do cruzamento das fronteiras do Marketing e das Finanças, a avaliação de marcas situa-se num terreno ainda propício a polêmicas. Nos últimos tempos, alguns dos critérios utilizados pela Interbrand vêm merecendo reparos de especialistas. David Aaker (professor de Marketing da Universidade da Califórnia) discorda, por exemplo, do sistema de notas. Considera essa arbitragem excessivamente subjetiva.

O método Flávio Del Puente

O gerente de marketing Flávio Del Puente tem um método muito interessante para avaliar uma empresa (inclusive as de pequeno e médio porte): “Começamos por somar todos os ativos materiais (bens móveis e imóveis, créditos financeiros, estoques de matérias-primas e produtos) e deduzimos o passivo (todas as obrigações financeiras – inclusive as indiretas, como dívidas trabalhistas futuras). Acrescentamos o valor da marca, que calculamos a partir da diferença de faturamento entre a marca em questão e de uma concorrente que esteja iniciando operação ou tenha pouca representatividade. Este valor deve ser multiplicado pelo prazo de 10 anos, que é um referencial para o mercado. Esta diferença é o resultado da força da marca perante a concorrência e determina o o seu valor.”

Questionado como este método pode ser aplicado a uma loja, Flávio citou como exemplo: “Após calcular a diferença entre os ativos materiais e os passivos, a loja pode descobrir o valor de sua marca ao comparar o seu faturamento com um concorrente (iniciante ou de pouca expressão), sempre multiplicando o valor por 10 anos. Este cálculo se baseia na diferença com uma loja iniciante ou pouco expressiva porque esta tem uma marca com valor aproximado de zero.”

A força de uma marca

Existe no mundo provavelmente uma única marca que paira acima de qualquer controvérsia quanto aos critérios de avaliação: a Coca-Cola. Vale mesmo os 48 bilhões de dólares? “Nós realmente não sabemos quanto ela vale”, disseram executivos da Coca-Cola no relatório da diretoria de 1995. “O que nós sabemos é isto: se nossa companhia queimar até o chão não teremos problemas em emprestar dinheiro dos bancos e reconstruí-la com base apenas na força de nossa marca.”

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