“No mundo dos negócios, aposte no que você sabe fazer, e não em pesquisas de mercado”

Em vez da causa, tenha em vista o efeito antes de abrir a sua empresa. É esse o mote da teoria do “effectuation”, onde um detalhado plano de negócios pode perder importância para as reais habilidades e contatos do empreendedor

Qual o denominador comum entre empreendedores de sucesso? Para responder a essa pergunta e descobrir a melhor maneira de abrir uma empresa, a professora Saras Sarasvathy percorreu 17 estados americanos durante anos a fio. Seu objetivo era conhecer empresários que tinham faturamento mínimo de US$ 200 milhões e máximo de US$ 6,5 bilhões – ou seja, todos já haviam conquistado resultados consistentes. As respostas confirmaram suas suspeitas: todos eles, sem exceção, agiam de forma intuitiva, sem se preocupar com pesquisas de mercado ou detalhados planos de negócio. Nascia aí a teoria do effectuation – ou abordagem efetiva, tema da palestra que ministrou na Rodada de Educação Empreendedora Brasil, evento promovido pelo Sebrae.

SARAS SARASVATHY

Quem é: especialista em empreendedorismo e Ph.D. em Sistemas de Informação pela Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos

O que faz: professora da Universidade de Virgínia Darden School of Business e autora do livro Effectuation: Elements of Entrepreneurial Expertise

O que significa, de fato, effectuation?

O effectuation, ou abordagem efetiva, nada mais é que um processo dinâmico e criativo que tem por objetivo o desenvolvimento de novas ideias em um ambiente empreendedor sem a necessidade de um plano de negócios.

A sra. poderia explicar melhor?

É um processo de autoconhecimento que começa com três perguntas básicas: quem eu sou?, o que sei fazer? e quem eu conheço? São questões simples, mas, se respondidas honestamente, trarão à tona uma complexidade muito rica e útil para o empreendedor.

Conheça a si mesmo e saberá qual é o seu negócio?

O processo de busca dessas respostas não vale apenas para o momento que precede a abertura de um negócio. É permanente. Deve-se voltar a elas a cada nova decisão. Na abordagem efetiva, a formação de alianças, por exemplo, jamais pode ser feita valendo-se da persuasão. A tática é apenas apresentar a ideia e deixar que os parceiros venham até você.

Esse modo passivo não pode ser arriscado demais para o futuro do negócio?

Diferentemente da abordagem causal, o empreendedor que trabalha com a abordagem efetiva não prevê o futuro. Ele sabe que o amanhã é determinado por suas próprias ações. Apostar em um negócio baseado naquilo que você sabe fazer traz segurança ao desenvolvimento do projeto e certo controle do futuro.

Como assim?

A segurança sobre o que pode vir a acontecer com o negócio deriva de conhecimento. É muito melhor apostar naquilo que você sabe fazer a se aventurar em um negócio só porque pesquisas de mercado mostraram que se trata de um ramo promissor. Tudo o que é desconhecido se traduz em risco.

Essa abordagem diminui riscos?

Sim. Na abordagem efetiva, o risco fica sob controle porque o empreendedor já soube antes o que está em jogo. Ele já refletiu sobre quanto dinheiro tem para investir e também quanto pode perder. Ele calcula a perda de modo que o impacto do fracasso, caso ocorra, seja bem menos nefasto para a sua vida.

A sra. poderia dar um exemplo?

Imagine que você é mãe, sabe cozinhar muito bem e é capaz de ajudar as pessoas ao seu redor quando prepara e oferece pratos saborosos. Nesse contexto, vai ser mais seguro para você abrir um restaurante do que uma empresa de tecnologia.

Mas isso não é óbvio?

Parece óbvio. Mas não é. As pessoas demoram para descobrir seus verdadeiros talentos.

O que a sra. diria sobre os casos de empreendedores que conquistaram sucesso seguindo um plano de negócios benfeito?

Eu jamais diria para um empreendedor abandonar um plano de negócios ou trocá-lo pela abordagem efetiva. Não se deve desistir de um método que esteja gerando resultados positivos. A abordagem efetiva pode muito bem ser aplicada em paralelo às tradicionais formas de planejamento. A depender do caso, podem ser até mesmo complementares.

Não se trata então de uma escolha?

Não, embora o effectuation tenha uma abordagem que vai na contramão do planejamento ensinado e defendido pelas tradicionais escolas de negócio de todo o mundo, o que defendemos é que para ser um empreendedor não é imperativo pensar em ações de marketing, público-alvo e maneiras de maximizar lucros. O foco deve estar no próprio empreendedor e não em um empreendimento que vai nascer ou já existe. Tudo deriva de quem está por trás do negócio, de quem essa pessoa é, de seus ideais, ações e relações. Todos nós temos um instinto empreendedor, uma intuição para os negócios e essa qualidade deve ser afinada, aperfeiçoada ao longo da vida.

E a capacidade de formar equipes?

Sim, isso é fundamental. É um grande talento formar e saber trabalhar em equipe. As pessoas que você conhece e envolve no negócio são essenciais para o seu crescimento. Mas todos os envolvidos devem estar dispostos a contribuir com conselhos e ideias. O erro está em determinar antes o perfil de futuros colaboradores, assim como se faz com o dos clientes. Esse pode ser o motivo do fracasso de muitos projetos.

A abordagem efetiva vale apenas para start- ups ou serve também para empresas que já cresceram?

Quando uma empresa cresce, os riscos também crescem. Por isso, a abordagem efetiva vale para todos os momentos. Sempre digo que uma empresa, assim como uma pessoa, deve lembrar-se permanentemente das suas raízes, dos seus primeiros dias de vida, de como tudo começou.

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